terça-feira, 31 de maio de 2011

De repente, 30.


Ai meu Deus, chegou o dia. Estou eu, aqui, com 30 anos.
Parece que tudo foi ontem... há uma vívida lembrança da menina que se divertia pelas ruas de Alagoinhas querendo desbravar o mundo como se fosse possível viver todas as boas emoções com a maior intensidade nos poucos minutos em que lhe era permitido brincar na rua.
Como eu era feliz! E eu queria explodir essa felicidade correndo descalça com aquelas perninhas extra finas, com aqueles cabelos “de arapuá” pra cima e gritando com esta boca demasiadamente grande que Deus me deu, me importando somente com aquele ínfimo momento, no inocente desejo de que ele fosse infinitamente infinito (porque somente infinito seria pouco).
E na escola? Não esqueço a alegria pela qual fui tomada quando descobri que três mais três eram seis. Isso virou uma melodia cantada e dançada, harmônica e incessantemente, por onde quer que eu fosse. Era gostoso ver o sorriso orgulhoso da minha mãe, isso me fazia cantar mais estridentemente ainda que “trêêêêêês mais trêêêêêês são seiiiiiiissssss! trêêêêêês mais trêêêêêês são seiiiiiiissssss!”. Tudo era festa. Muito boba, eu era. E ainda sou.
A felicidade sempre esteve aqui, na palma da minha mão, sorrindo pra mim e me conclamando a possuí-la pra sempre. Acreditei nela com toda a força do meu coração e, assim, me apaixonei e me entreguei perdidamente à vida, insistindo em manter presente aquela menina magricela, cabeluda e bocuda, dos olhinhos tímidos e miúdos, que teima em ver o mundo como um gigantesco parque de diversões.
É isso mesmo. Eu me permito ser uma menina, eu gosto de ser uma menina e, como tal, tenho imensos e inalcançáveis sonhos, delírios, medos, inseguranças e receios. Ainda sou dengosa, chorona e birrenta, suspiro com o amor, idealizo o príncipe encantado (apesar de já ter o meu *_*), tenho medo dos fantasmas que surgem na tenebrosa escuridão e estou sempre reinventando meu mundo. 
Acho super estranho quando dizem que sou um mulherão. É como se estivessem falando de outra pessoa, é como se meu corpo estivesse caminhando sozinho, sem eu estar dentro dele. Hoje sou uma menina de 30 anos, amanhã de 60... mas sempre uma menina. E essa menina, Kátia Letícia, hoje, é uma mulher igualmente feliz, como era tempos atrás.