domingo, 20 de março de 2011

Macabéas


Eu vô contá procês
A história dessas duas
As minina do interiô
Qui nascero viradas pra lua.

Pelo menos é assim qui elas pensa
E num sô eu qui vô dizê o contrário
Elas acha graça di tudo
E mesmo se tão na pió
Dizem que tão numa boa
E que sempre levam a melhó.

Istudá teatro elas foro
Do interior pra capitá
Um sonho há muito alentado
Numa grande história está a virá.

Cum mala, cuia e corage
Foro elas simbora
Alugaro um quartinho pra durmi
E sonhá com a boa vida
Que agora estava por vir.

Na lanchonete da cidade
Um suquinho foro tomá
Uma das macabéas disse logo:
- Aqui é caro, meu dinheiro num dá.

-Pára cum isso - dizia a outra
- Tu tá cum cara de fubá
Vê se melhora essa pustura
Senão, que a gente num é daqui, vão discunfiá.

Oxi, num tô nem aí
Quem quisé falá qui fale
Só sei qui vô virá artista
E isso num tem dinheiro qui pague.

Cheia de mala elas foro
- Pera, pera- dizia uma delas
Aqui tá muito pesado
Eu num posso cum isso não
Por causa do meu ciático.

- Vamo pidi pro sigurança guardá
Entrá assim na faculdade, num dá
Mas vai pegá mal a gente dizê
Qui aqui tão as coisa
Qui nós vai usá pra se recolhê.

Tem lençó, travissero e edredom
Tualha, creme dentá e batom
Tem calcinha, sutiã e hidratante
Tem absorvente e inté inxaguante
Purque ficá disprivinida
Seria uma coisa apavorante .

- Nós diz qui é “elemento de cena”
Vi o professo falá disso
Diz qui é coisa da aula
Assim num causa ribuliço.

O moço bunito vem vindo
Valei-me minha nossa sinhora
Meu Deus, tende misericórdia
Desse jeito ele num pode nos vê
O que é que nós faz agora?

Corre, vira de costa
É só o que dá pra fazê
É melhó qui ele num te veja
Senão, todas as chances cum ele tu vai perdê.

Ufa, ele se foi
Foi muito melhó assim
Só quero qui ele me veja no parco 
Usando um vestido cigano carmim.

Pra aula elas seguiro
Cum saco de pão na mão
E logo fizero furdunço
Falando pra todo mundo
Qui era fácil a adaptação.

Chegaro na sala de aula
E num cantinho se sentaro
A elas logo se ajuntô
Outro caipira que se dizia muito inturmado.

Logo de cara soltô uma pérola
E todos riam da sua cara
Mas ele nem se importô
E logo logo vortô pra casa.

Parece qui ele num intendeu
Qui falô uma grande abobrinha
Inté suas companhera riro
O que virô uma picuinha.

Inté qui tinha cuerência
O qui disse o pobre rapaz
Nem foi assim uma mintira
Mas é qui o povo da cidade num sabe
Que panela que muito mexe, angu vira.

Pocas e boas elas passaro
Durmiro no duro e no calô
-Assim eu num guento
Disse uma delas
- Vamo ali comprá um ventiladô.

Essa é a história
Das minina do interior
Tem muito pano pra manga
Aguardem, por favô.

Mas posso adiantá agora
Qui elas num são arredia
São inté tão carismática
Qui já viraro assunto
De aula de Sociologia.


Ela é bela


Ela baila, canta, dança
E, dessa festança, nunca se cansa
Tem na alma a leveza da criança
Que no quintal de casa pula e se balança

Ela vibra diferente
Tem uma felicidade sapiente
Pois seus olhos enxergam um mundo
Que não é o de muita gente

Ela vê a paz, o amor e o bendito
Vive entre o aqui e o divino
Quem convive com ela percebe
Que o mundo pode ser bem bonito

Eu estou falando dela
Que é bela, que é bela
Que é Iza, a bela
Isso mesmo: I-za-be-la!

A bela sorridente e atraente
Que com pureza e delicadeza
Encanta o coração de toda a gente.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Oração à Grande Mãe

Mãe Nossa, que estais no céu, na terra e em toda a parte,
Bendita seja a Tua beleza e a Tua abundância,
Traz aos nossos corações a chave que abre o portal do amor,
Que cada um de nós possa respeitar os caminhos de todos os seres
E o exercício do perdão faça parte de nossa existência
Que possamos acolher em nossa mesa aqueles que querem partilhar conosco
O alimento sagrado.

Mãe Nossa, que estais no céu, na terra e em toda a parte,
Que o Propósito maior guie os nossos passos,
E que a batida dos nossos corações possa se unir ao toque do coração da terra
E assim possamos pulsar em um só ritmo.
Que as estrelas nos guiem nas noites escuras
E que o sol brilhe intensamente em nossos corpos,

Hey Grande Espírito,
Hey Grande Mãe,
Hey Xamã.


Esta oração acompanha a Xamã Alba Maria em todos seus momentos. Há muitos anos, em um traço do tempo, tarde chuvosa e silêncio profundo surgiu a inspiração, palavra a palavra. Com a inspiração veio a responsabilidade de transmiti-la em todos os contextos onde houvesse espaço para tal. E assim foi feito.

Atualmente traduzida em oito idiomas, esta oração transformou-se em dança e juntamente com outras preces do mundo, fez parte de uma grande corrente de oração pela Paz na Alemanha e na Índia.