terça-feira, 2 de agosto de 2011

De Kelly Cyclone a Amy Winehouse

As semanas que se passaram foram um tanto surpreendentes (ou nem tanto) para nós baianos e para os demais “mundanos” também. Nossos ouvidos registraram inúmeros burburinhos sobre a perda de duas grandes damas: Kelly Cyclone, a chamada “dama do pó”, conhecida e admirada por grande parte da periferia soteropolitana; e Amy Winehouse, a “dama do pop”, diva e musa inspiradora de homens e mulheres do mundo inteiro que se renderam ao seu incontestável talento.
Pode não parecer (ou pode parecer, sei lá), mas essas duas têm muito mais coisas em comum do que supõe a nossa vã filosofia. Ambas eram jovens, carismáticas, idolatradas, amadas, polêmicas e fizeram de suas existências verdadeiros redemoinhos nesse “mundão de meu Deus”. Kelly Cyclone foi uma anti-heroína que caiu nas graças do público. Amy, também. Kelly Cyclone poderia até ter passado despercebida, mas foi abocanhada pela mira holofoteira e exagerada da imprensa baiana. Amy, só precisou existir para despertar a atenção dos reles mortais. Uma muito rica. A outra, muito pobre (e não menos célebre por isso).
Duas histórias que poderiam ter sido apenas duas histórias distintas, mas que tem um ponto de intersecção entre si e trazem consigo um retrato ordinário desse nosso tempo. Os anjinhos de papai e mamãe abandonaram suas auréolas (talvez numa tentativa equivocada de sair da matrix) e “foram com Deus” cedo demais. Talvez essas duas moças tenham sido vítima dos seus pobres e velhos coraçõezinhos. Talvez só quisessem “a sorte de um amor tranqüilo”. Talvez tenha lhes faltado uma dosagem maior de amor próprio. Talvez, apenas.