sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ao menino-deus

Dindí

Céu, tão grande é o céu
E bandos de nuvens que passam ligeiras
Prá onde elas vão, ah, eu não sei, não sei

E o vento que toca nas folhas
Contando as histórias que são de ninguém
Mas que são minhas e de você também

Ai, Dindí
Se soubesses o bem que eu te quero
O mundo seria, Dindí, tudo, Dindí, lindo, Dindí

Ai, Dindí
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindí
Olha, Dindí, fica, Dindí

E as águas desse rio
Onde vão, eu não sei

A minha vida inteira, esperei, esperei por você, Dindí
Que é a coisa mais linda que existe
É você não existe, Dindí

Deixa Dindí, que eu te adore, Dindí


Tom Jobim

Bahia: iniciativas pioneiras do Estado para um Desenvolvimento Territorial Sustentável


A Política de Desenvolvimento Territorial é fruto do esforço do Governo Federal para garantir desenvolvimento que leve em consideração as especificidades sócio-econômicas, culturais e geográficas das diversas partes de um país absolutamente plural e diverso, como o Brasil. É o exercício contínuo de promover a qualificação de comunidades e entidades representativas da sociedade civil, com o objetivo de fortalecer o seu poder de autogestão e a co-participação na formulação de políticas públicas.

A partir de 2007, o Estado da Bahia se apropriou da política territorial. Para isso, buscou ajustar a estrutura da máquina pública, estabeleceu um modelo de gestão inovador baseado em práticas democráticas e participativas e criou mecanismos de diálogo social, além de instrumentos importantes que foram institucionalizados e incorporados na gestão.

A construção de uma política de participação social pressupõe uma tarefa desafiadora. O Governo do Estado está buscando conciliar os macro-objetivos econômicos do Estado com os interesses e as necessidades da sociedade civil organizada, o que estabelece um novo padrão de desenvolvimento e um modelo de gestão que busca o rompimento da cultura patrimonialista e clientelista na Bahia. Nesse caminho, fez-se necessário a realização de estudos técnicos e processos permanentes de diálogos com diversos segmentos da sociedade, a fim de garantir estratégias de desenvolvimento e gestão da política territorial na Bahia.

O marco inicial desse processo foi a realização, em 2007, do primeiro Plano Plurianual Participativo (PPA-P) do Estado, que se destacou pela experiência de consulta pública através de 17 plenárias que homologaram a divisão da Bahia em 26 Territórios de Identidade. Na oportunidade, criou-se o Conselho de Acompanhamento do Plano Plurianual (CAPPA), que tem a finalidade de monitorar e aconselhar o Governo quanto à execução do PPA e propor às instâncias governamentais a adoção de medidas e ajustes necessários para a implementação do Plano Plurianual.

Ainda em 2008, o Governador sancionou a Lei 11.173, que cria o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CODES), cuja função é debater e propor políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável do Estado. O Codes é mais um canal para o exercício do diálogo, caracterizado pela prática integradora que fortalece a nova relação entre Estado e Sociedade.

Em 2010, a realização dos “Diálogos Territoriais”, em parceria com o CAPPA, demonstrou o entendimento do Governo sobre a necessidade de consolidar a política territorial. Compreendeu-se que era preciso avançar qualitativamente, no sentido de demonstrar e debater, presencialmente, o nível de execução das ações do PPA, além dos avanços e desafios que enfrentam a máquina pública.

Os “Diálogos Territoriais” foram, na prática, o retorno do Governo Estadual aos Territórios. Caracterizou-se por uma metodologia inovadora que apresentou um balanço da execução das ações previstas no PPA em vigência. Foram realizadas plenárias nos 26 Territórios de Identidade contemplando os colegiados territoriais, representantes de entidades, movimentos sociais, prefeituras e órgãos públicos.

Para reafirmar a importância dos instrumentos de controle e participação social e a incorporação desse modelo de desenvolvimento, o Governo do Estado criou, através do decreto n.º 12.354, de 25 de agosto de 2010, o Conselho Estadual de Desenvolvimento Territorial (CEDETER). Este se constitui em um fórum permanente de caráter consultivo e composição paritária entre Poder Público e Sociedade Civil, que tem como finalidade subsidiar o planejamento e as ações do governo nos 26 Territórios de Identidade.

A criação do CEDETER é uma ação pioneira no país, sendo a Bahia o primeiro Estado a institucionalizar um instrumento territorial avançado do ponto de vista do empoderamento social e da gestão participativa. Com ele, os Colegiados Territoriais ganharam reconhecimento institucional. Essa iniciativa consolida o modelo e estabelece novas bases para o planejamento e execução de políticas públicas que fortalecem a inclusão e a democracia participativa nos Territórios de Identidade.
Essas e outras iniciativas têm levado o Estado a ocupar um espaço de destaque no cenário nacional e internacional. Nos fóruns de discussão de política territorial, especialistas, representantes de movimentos sociais, consultores e outras lideranças apontam a experiência da Bahia como um caso que precisa ser reverenciado e estudado.

A definição dos Territórios de Identidade como unidades de planejamento, com capacidade de organização, formulação, articulação e execução de políticas estabeleceu uma nova dinâmica na Bahia, o que está proporcionando o amadurecimento e qualificação dos movimentos sociais e das estruturas de Governo, bem como o aprimoramento de técnicas de gestão capazes de contribuir para a superação das desigualdades regionais, econômicas e sociais no Estado. Esse processo denominado pelo Governador Jaques Wagner como a Revolução Democrática, traduz a inversão de valores e prioridades em um Estado que vem realizando os ajustes necessários para a construção de uma Bahia de Todos Nós.



Marília Mattos
Secretária Executiva do CEDETER - Seplan


PS: Não é por nada não, mas é minha prima, tá?

domingo, 23 de janeiro de 2011

O triste Janeiro do meu Rio

O  meu Rio desaguou sem rumo definido. Apenas seguiu, morbidamente, um curso inesperado. Catastroficamente, mais de 800 vidas desceram pelo ralo, carregando consigo muitos sonhos e esperanças que, agora, buscam sentido no próprio “não ser”.

O meu Rio estava cheio de fúria. Descarregou violentamente o medo, a mágoa, o desconsolo, o tormento, o desespero, o sofrimento, a amargura, a melancolia, o temor, a morte... E assim descompassou, com pesar, o ritmo do meu coração.

É! O meu Rio desaguando de lá, e os meus olhos, inundados de dor, desaguando de cá. 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Eu me derreto toda II

... De ver teu corpo num pano cigano e sentir o teu cheiro que mora nas abas do meu paletó.
De quando eu, todo platéia, vejo da cama quando tu vagarosamente te pintas com cores, com cores de quase luxo e, diante da mentira do espelho, és Narciso e és Orfeu.
De te ver abrir as portas do armário e tirar dele tuas armaduras de guerra dizendo:
- O azul ou o vermelho? Qual te faz mais gosto?
Bem... decerto que o azul era por demais decotado, mas o tom era doce e compadecia, já o vermelho, como todos sabemos, tinha mangas rendadas e compridas, mas a cor denunciava todo e qualquer pecado, e ainda que todas as noites me fizesse maquinalmente escolher entre os dois, surgias sempre da pequena cabina com o velho vermelho satânico e desbotado.
E assim passariam as tuas noites. Tu, iludida, a me fazer de tolo. Eu, o tolo que querias, pediria-te apenas os olhos de fúria emprestados. Sim, Ana, os pequenos olhinhos de fúria, para que, com eles, eu fizesse toda sorte de gozo, para que, com eles, eu me ressarcisse na noite e no tempo de tua ausência.

De Vicente à Ana.
Felipe Massumi. 
Ai, ai... (muitos suspiros)

PS: Gênio, aos 17 anos.

Eu me derreto toda

O QUE SERÁ? (À FLOR DA PELE) 


O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo



Chico Buarque (meu marido)


Ai ai...(muitos suspiros)



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pra não dizer que não falei das flores...

Depois de ter ido parar em Simões Filho (no post anterior), eis que a beleza conseguiu me encontrar.

No ônibus de volta para Camaçari, bem no meio da estrada, o motorista parou para pegar mais passageiros. Foi aí que meu dia ganhou leveza.

Estava à espera do ônibus um garotinho muito sorridente numa cadeira de rodas. O elevador do veículo estava com defeito, logo, várias pessoas se ofereceram para ajudá-lo a subir, já que era difícil para sua mãe fazer isso sozinha. Foi tão lindo! Minha alma adocicou e sorriu escandalosamente.

Sei que foi uma coisinha de nada, bem boba mesmo. Uma ceninha curta, simples e com a delicadeza suficiente para me emocionar. Eu gosto dessas coisas. E gosto muito. Adoro uma gentileza, ela é infinitamente comovente.

Ai, a vida... Como é linda (suspiros)!

Beijos!

Clandestina




Foi assim que me senti hoje. Bem que eu queria ser uma clandestina mais fashion, tendo minha história contada em rede nacional, mas fiquei bem longe disso. Contar-lhes-ei (!) o que se sucedeu:

Foram quase três horas de viagem de casa até o local onde fui fazer um teste para um filme (pra quem não sabe sou atriz, dançarina (de lambada), cantora (de lambada) e compositora (de lambada), além de modelo e manequim). Escalei pelourinhamente (como diz Abelha) a ladeira do Carmo para, quando chegar lá, descobrir que era um pouco mais abaixo (o sol estava escaldante um pouco antes das 9 da manhã). Chegando nesse “um pouco mais abaixo”, tinha uma escadaria imensa (a escadaria do Passo). Já que era o que me esperava, então subi. O mais legal de tudo foi perceber, ao chegar lá em cima, que eu poderia ter ido de lá mesmo do pico da ladeira, apenas virando a esquina, sem precisar voltar para “um pouco mais abaixo”.

Cheguei ao meu destino, esperei um pouquinho, fiz o teste e fui embora. Agora tudo estava mais fácil, pois, “pra descer, todo santo ajuda”. Caminhei um pouco (leia-se bastante), até a Estação da Lapa e depois mais um pouco até abaixo da Estação da Lapa (não sei o nome daquele lugar) para esperar o meu motorista particular me pegar. Para o meu desespero, havia uma manifestação de estudantes contra o aumento da passagem de ônibus em Salvador. Agora, me respondam uma coisa: tem cabimento aumentar o preço do transporte público de Salvador? Rai ai... Deveria aumentar a vergonha na cara dos empresários e dos governantes, isso sim.

Foi aí que começou o meu martírio (na verdade, ele se consolidou porque tinha começado às 6 da manhã). O sol estava muito forte, era quase meio-dia e não tinha nenhum motorista particular me esperando. Nem unzinho sequer. Eles ficam todos concentrados próximo ao ponto, mas meus olhos não conseguiram captar aquele carrão enorme branco, com uma tarja azul e três letrinhas vermelhas na lateral. Quanto desespero! E agora? Diante daquela multidão, como eu faria pra tentar a possibilidade de descobrir onde se encontravam? Como eu voltaria para a minha terrinha? Perguntei a um agente de trânsito se ele sabia onde estavam os motorista particulares que iriam para Camaçari e ele, prontamente, me respondeu: “tá tudo parado aí”. Dã. Isso eu estava vendo.

Eu super estava apoiando a manifestação. Mas eu super não estava apoiando hoje, somente naqueles minutinhos. A minha dualidade geminiana estava totalmente manifestada, numa pegada Rute e Raquel. De um lado, Rute, achando tudo lindo, achando muito justo que os estudantes fossem pra lá reclamar daquele despautério. Do outro, estava Raquel, louca para que acabasse logo porque estava com sede e com fome. Mas aí voltava Rute, lembrando dos tempos de outrora, tempos estes que vivem apenas nos meus delírios, nas minhas alucinações... e no meu desejo de ter vivido os tempos áureos das grandes revoluções estudantis. Rute me fazia sentir vontade de ir para o meio, pintar o nariz (como eles estavam) e fazer coro com eles. Mas Raquel não agüentava mais o sol e a impotência por não saber como chegaria em casa, então, rezava para que eles liberassem logo as vias, que dessem o recado e fossem embora. Quanto mais o sol apertava o juízo, mais a ira de Raquel aumentava. Logo ela me fazia lembrar que tinha saído de casa apenas para sonhar, mas tudo o que tinha conseguido foi passar uma manhã de cão. Vida de artista não é nada fácil. De aspirante, então, nem se fala. Foi aí que lembrei de Clandestinos.

Chegou uma hora que Rute e Raquel começaram a se fundir e Rute começou a ficar com raiva. Na verdade, a raiva que Raquel estava da situação se transmitiu para Rute que ficou com vontade de bater em duas mulheres que reclamavam da manifestação. Elas diziam: “não sei pra que isso, só pra fazer a gente ficar aqui nesse sol. Eles deveriam fazer isso nas empresas de ônibus, quebrarem tudo por lá e deixar a gente em paz”. Juro que elas disseram isso. Tudo bem que Raquel tava pensando mais ou menos por aí, mas Rute falou mais alto e eu fiquei com raiva daquelas duas. 

E, no meio da multidão e da confusão, eu não sabia mais de nada, nem mesmo quem eu era. Saí caminhando feito uma doida até que cheguei num lugar que passou um motorista particular para Simões Filho. E foi pra lá que eu fui. Clandestinamente...


Beijos e até mais...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Manifesto anti “eu te amo”

O indivíduo é resultado de um processo sócio histórico. O modelo social é capaz de ditar o modo de falar, de pensar e de agir deste indivíduo. Desta forma, a sociedade cria seus modismos, que surgem quando alguma coisa se faz “necessária” e “imprescindível” num dado momento. Assim, existe a roupa da moda, o sapato da moda, o celular da moda e as atitudes da moda. Para o meu desespero, a moda atual é a do amor. Está na moda dizer EU TE AMO!
É assim que acontece: Conhecemos uma pessoa legal, divertida, passamos o fim de semana descontraído e, de repente, sem mais nem menos, surge um “eu te amo”. Minha nossa, quanta carência! Essa pessoa se torna importante, especial, traz para nossa vida algo que a gente nunca viveu (todas as pessoas nos trazem experiências novas, basta observarmos!) e pronto, o amor se instaurou! De repente, é um “eu te amo” pra lá, um “eu te amo” pra cá e o amor vai perdendo o sentido. Estou saturada desta da banalização do amor.
Que saco isso! Amor é construção, é entendimento, é preenchimento verdadeiro e o mais importante, é maturidade... Estamos vivendo o amor vazio, que sai da boca por ser bonito, por fazer da gente pessoas boas “capazes de amar”, mas ele não está saindo do coração e sim da imagem narcisista que precisamos manter. O fato de a gente gostar, querer bem, ajudar, viver coisas legais e admirar uma pessoa não significa que amemos essa pessoa.
É importante que deixemos claro às pessoas a nossa admiração, respeito, carinho..., mas amor é convivência, é entrega, é uma coisa muito sublime que não deve mais ser tão prostituída. Pelo amor Deus, vamos parar de amar! Se a gente não se der conta disso agora, daqui a alguns anos a essência desse sentimento estará perdida e aí, o que será de nós? Sujeitos [mais] insatisfeitos, [mais] carentes e menos, bem menos amados!
Não pretendo definir aqui o que é o amor, quem sou eu pra isso, pretendo apenas levar à reflexão das nossas ações (será que elas condizem com as palavras?) Será que estamos sempre por perto das pessoas que dizemos amar? Nas horas ruins também? Observamos nossos amigos? O que o silêncio deles pretende dizer? Percebemos quando eles estão tristes precisando do nosso apoio? Percebemos o quanto nossas palavras de julgamento podem feri-los e machucá-los? Todos se amam o tempo inteiro, mas o amor acaba logo que surge um desentendimento, aí todos os defeitos das pessoas começam a vir à tona... não somos capazes de perdoar falhas, de aceitar as pessoas do jeito que são e aí saímos desesperados à procura de outra para amar, pra ser importante, especial e trazer algo que nunca vivemos antes. O amor não é descartável, sentimento não tem botão “liga/desliga”, ou ele existe ou ele não existe. É muito simples. E na minha humilde opinião, estamos na onda da moda e, como o próprio termo sugere, um dia acaba.  O “eu te amo” que proferimos indiscriminadamente em todos os momentos para todas as pessoas esconde uma necessidade muito grande de sermos amados e, a sua leitura pode ser facilmente traduzida por “me ame, pelo amor de Deus”. É uma busca desesperada nossa para suprir a falta de relações verdadeiras e, principalmente, do amor próprio.
Não estou querendo afirmar que é proibido dizer “eu te amo”, apenas não precisamos nos enganar com relações vazias em que não vivemos e nem sentimos a plenitude do amor. Vamos perceber que ele se reduziu a uma palavra corriqueira. Entre os nossos “bom dia”, “obrigada”, “como vai você?” “que bom que está aqui”, não precisamos soltar um “eu te amo”, pois ele vai muito além de meras palavras. O amor é para ser sentido!



Percebo que está rolando um clima...

A posse da presidente Dilma, como todos já sabem, é um marco na história do Brasil. Não acredito que ela fará um bom governo somente pelo fato de ser mulher. Se o governo for bom, será por causa da sua competência e dos que estiverem governando junto e apoiando-a nessa empreitada. Não será nada fácil governar um país com tamanha importância como o Brasil. Isso é fato.

Mas, o que me faz escrever essas mal traçadas linhas é a percepção que tenho de que está rolando o maior climão entre as mulheres e a vida. Na verdade, sinto como se fosse uma retomada de poder, o retorno a um lugar que é nosso por direito.

Depois de séculos sendo humilhadas, sem voz e sem direitos, eis que surge a tão esperançosa luz no fim do túnel. Dilma representa milhares de mulheres, mães, amigas, irmãs, cunhadas e filhas de inúmeros homens (com belíssimas exceções) que não conseguiram vencer um simples desafio: o de respeitar a capacidade de uma mulher.

Não tenho pretensão de fazer nenhum discurso feminista, não é isso. O que estou tentando dizer é que, para mim, é muito natural ver uma mulher no comando (disse natural, não comum). No meu entendimento, tudo isso não passa de um reequilíbrio energético necessário à condição humana e à nossa existência na Terra. Acho que não é à toa que esse ano está sendo regido por um orixá feminino. A natureza faz suas próprias conexões e cabe a cada um de nós pararmos para observar.

Seria muito romantismo, misturado a uma grande dose de inocência, querer colocar todo o mérito da eleição de Dilma na revolução cósmica. Não foi tão natural assim. Sei perfeitamente o quanto o marketing político foi importante para que isso acontecesse. E sei, também, que o marketing não dá ponto sem nó. Conhecer os anseios da humanidade e transformá-los em propostas eleitorais foi a grande sacada. Mas a mim não importa o marketing em si, importa o que ele conseguiu captar (acredito que sejam as mesmas impressões que meus sentidos receberam).

Há algum tempo venho percebendo que alguma coisa está errada (na verdade, várias coisas). Sinto que seja um momento de parar para refletir no sentido da nossa existência, principalmente na igualdade e nas mudanças de atitudes. Eleger uma mulher para presidente de uma nação machista (não por natureza, mas por ideologia), aponta o início do despertar, da abertura para o novo.

Somos filhos da Grande Mãe, da Terra, de Gaia. Somos frutos da face feminina da Divindade Maior. E como toda mãe que se preze, a Mãe Terra resolveu tomar as rédeas da situação numa luta inteligente e amorosa para que seus filhos não sejam destruídos e no intuito fazer aflorar em nós o sentido de conectividade, de equilíbrio das forças yin e yang. O que ela quer nada mais é do que a harmonia entre seus filhos, homens e mulheres.

Para finalizar, dedico este texto às Elzas, às Nalvas, às Lias, às Valdas, às Licinhas, às Elienes, às Nides, às Isabelas, às Khalynas, às Staéis, às Margaridas, às Ana Lúcias, às Helenas, às Angélicas, às Izabéis... Mulheres que personificam tudo que acabei de dizer. Elas são exemplos como mães, donas de casa, seres humanos, líderes comunitárias, professoras, mestras. São lutadoras e admiráveis. Essas mulheres representam a mitológica Pandora, trazendo consigo a caixinha da esperança e, movidas por este sentimento, fazem a existência valer a pena. 

sábado, 1 de janeiro de 2011

Cheguei, cheguei. Quero ver todo mundo quebrando...

Já comecei bem, não é? Quem não se lembra desse hit? Tá bom, não precisam responder, é só brincadeirinha. Trouxe o memorável É o tchan (eu acho) para saudá-los na minha primeira postagem, do meu primeiro blog. Quanta emoção! Nessa onda de quebradeira, só não quebrem seus computadores ao lerem minhas abobrinhas, por favor.

Enfim, atendendo aos quase 5 milhões de pedidos (todos da minha mãe), eis o blog de Kátia Letícia. Nada do que eu disser aqui irá mudar em nada a vida de ninguém, talvez nem mesmo a minha, pois não tenho muito a acrescentar à humanidade, além de pequenos esboços do que penso. Uso a palavra “esboços” porque são, de fato, simples rascunhos e nada mais. Tenho pensamentos e pontos de vista inacabados. Às vezes mudo de ideia num piscar de olhos além de, por várias vezes, perceber que “é... eu não tinha pensado nisso” (mesmo se tratando de coisas óbvias). 

O que me traz aqui hoje, justamente hoje, em 01/01/2011 é simplesmente a ideia do novo. Mas o que há de novo (além do ano) é o meu contrato comigo mesma, de que a partir de agora não vou deixar nada para depois. Quero começar o ano regido pela doce, maternal e sedutora Oxum, com o pé direito e deixar para trás o carma geminiano de "pensar mil coisas, começar cinco e terminar meia". Acredito que começar escrevendo é um bom presságio para o ano novo, ainda mais se observarmos que o dia 01/01 (11), do ano 11 tem, na essência cabalística da coisa, muita força na iniciação de ciclos, de novos caminhos. Dizem as boas línguas que o número 11, de certa forma, afirma: vá em frente sem medo, "aponta pra fé e rema", essas coisas... Poxa, acabo de constatar que, realmente, tinha que ser hoje.

Ah, não esperem nada de mais se não quiserem se decepcionar. Sou uma mera amadora e aspirante que tenta delinear pensamentos através das palavras. Na verdade, estou aprimorando meu talento literário para utilizá-lo na próxima vida. Enquanto isso, “presenteio” vocês com minhas pérolas, que já foram várias ao longo da vida. Só para ilustrar que estou falando sério, termino este texto com um trecho de uma musiquinha que eu criei aos 8 anos de idade na esperança de fazer parte de um grupo criado pelas minhas amigas na escola (era obrigatório apresentar uma composição para apreciação da grande cúpula de meninas-alunas da segunda série-dançarinas-cantoras-sacanas com as coleguinhas):

“Eu sou Carambelita
Gosto muito de carambola
E eu vou carambolar
Bem juntinho de você”

Essa minha iniciação foi tão marcante que não consigo esquecer... É em ritmo de lambada, tá? E “Carambelitas” era o nome do grupo. Tô falando só pra falar mesmo. Para deixá-los por dentro. Só isso.

Perceberam o que vem pela frente, não é?

Beijos e até mais.

PS: Eu consegui passar na "audição" e entrar para o grupo.