terça-feira, 20 de setembro de 2011

Último Ato

Começa com um foco de luz e, depois do sopro derradeiro, tudo se desfaz. O espetáculo toma um rumo inesperado, assim quis o Grande Dramaturgo. Agora os coadjuvantes passam a protAGONIZAR o horror, a trilha é mórbida e o cenário é monocromático. Os atores, pela primeira vez, não desejam o público, sentem nus e impotentes diante daqueles tantos olhares: uns indagadores, outros pesarosos, outros comovidos, outros marejados, outros indiferentes e tantos outros indecifráveis. O palco deixa de ser mágico, sem rotundas e sem bambolinas. O ritual ganha ares fúnebres e o figurino torna-se obsoleto. Ah, o figurino! Como é difícil escolher... nesse último ato, ele não tem mais propósito, ele não vai conseguir dar vida ao personagem. Tudo acontece ao contrário, mesmo.

Agora, os atores são os condutores da dor, e essa dor vai dilatando, dilatando, dilatando... Começa interna, como deve ser, aí vai ganhando proporções e se alastrando. Começa a irradiar, vai conquistando espaço, ampliando o círculo e contagiando o outro, depois outro, e outro, e outro.

A cortina se fecha, mas essa é de concreto e cimento, não permite um “mais um”, não existem os aplausos de pé. Na verdade, os aplausos eufóricos dão lugar ao silêncio. 1 minuto de silêncio... 10 minutos de silêncio... eterno silêncio.


PS: A ti, flores coloridas e luz violeta. Eternamente. 

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