segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Como se fosse ontem

Finalmente estavam ali, um diante do outro. Ele, com olhos desejosos e imprudentes. Ela, com a tez enrubescida, ingenuamente sentia-se mulher. Estavam fascinados como quem contempla o despontar da aurora e ali, naquele espaço, todas as coisas faziam sentido.  O suor das mãos denunciava suas verdades mais íntimas e, naquele momento, eram perenes.

Sentaram-se. A janela entreaberta evidenciava o alaranjado do céu naquela tarde de início de outono, a estação que faz todos os amores possíveis. A atmosfera parecia congelada, um belo quadro feito artesanal e exclusivamente para eles, com uma grande árvore em alto relevo. A celeridade dele era refreada pelo receio dela, que tinha consciência de que se tratava de uma grande loucura, talvez a maior de sua vida, mas ali ela ensaiava timidamente os primeiros passos rumo à liberdade e qualquer desatenção a isso poderia custar-lhe uma vida rasa e insípida. Entregou-se.

Ele, de olhos fechados, acariciava sua pele e extasiava-se com a beleza e o encantamento que se expandia diante daquele ato. Era a primeira vez que suas mãos tocavam pétalas amarelas tão delicadas e viçosas. Ele fez daquele corpo um sol vibrante. Ela, com um ardor despudorado, convertia-o em rei. Impregnados de emoção e êxtase, fizeram de conta que seus destinos estavam amarrados por todo o sempre.

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